sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Chapeleiro Louco no País das Maravilhas, a Fada dos Dentinhos e o Coelho da Páscoa

“O que não deve acontecer é as pessoas serem forçadas a emigrar porque não têm oportunidades de emprego no seu país. É nosso entendimento que uma política inteligente de imigração, atraindo, por exemplo, empresários, pode ajudar a criar oportunidades em falta”, disse, ontem, Miguel Poiares Maduro, ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.


Para que não haja qualquer equívoco, trata-se de um excerto da intervenção que o governante fez durante o encerramento da Conferência sobre Migrações, organizada pela Faculdade de Direito da Universidade Católica de Lisboa, o qual foi reproduzido por vários meios de comunicação portugueses.
Mas há mais.

“O que é importante é criarmos as condições para que quem saia, o faça por vontade, e não por necessidade. Se for esse o caso, quem sair pode regressar com outras qualificações e conhecimentos. Pode estabelecer redes internacionais. Enriquece-se, para depois enriquecer o país”, proclamou o ministro Maduro.

Desta vez, não vamos tecer comentários. Seria demasiado fácil desmontar a argumentação do governante. De referir, apenas, que até o cão escorraçado, sempre fiel ao dono, se cansa de apanhar porrada. E um dia vai-se embora para não mais voltar.

Entre o que Poiares Maduro afirmou e o que ficou por dizer – ou disse e não queria dizer –, imaginamos que ainda há quem acredite no Pai Natal, na Fada dos Dentinhos, no Coelho da Páscoa ou , até, na figura excêntrica e fantasiosa do Chapeleiro Louco, personagem criada pelo escritor Lewis Carrol para a obra “Alice no País das Maravilhas”.

As palavras do ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional são um verdadeiro bálsamo para a alma de qualquer jovem.

Um discurso deste género põe logo a mocidade com vontade de sair daqui para fora, ir trabalhar para outro país e, depois, daqui a uns anos, regressar a Portugal com os bolsos recheados de notas e disposição para fazer enriquecer uma nação que, décadas antes, não lhe deu oportunidades de emprego.

Quando pensamos que já ouvimos tudo, eis que o ministro Adjunto se sai com mais uma “pérola”. Para que não pensem que estamos a ser embirrantes, vamos transcrever o que foi publicado no jornal “i”:

“Poiares Maduro, considerou que um dos problemas mais sérios que o país atravessa é o «inverno demográfico» e que, por isso, defende a atracção de imigrantes qualificados que, «por muito estranho que possa parecer», pode favorecer o estancamento da emigração”.


Perceberam? Nós também não. Mas o problema deve ser nosso, dos que vivemos, todos os dias, no país real chamado Portugal.

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